Este livro sério e fascinante sobre a teoria da dependência é uma ótima alternativa às comemorações ufanistas do bicentenário da primeira “transição transada” (expressão de Florestan Fernandes) da história deste país. O leitor é incentivado a caminhar pelas trilhas da teoria da dependência, trajetória que só adquire inteligibilidade quando vista em suas distintas inserções nas lutas anti-imperialistas. Nesta odisseia teórico-política, destacam-se Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos e Vânia Bambirra. Rodrigo Castelo faz análises brilhantes dos aparelhos de hegemonia, inclusive em universidades de ponta, que foram, no Brasil e em outros países, fundamentais para os diversos momentos do desenvolvimentismo e também para os avanços e recuos da teoria da dependência. Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida - PUC SP
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Uma pergunta guia, permeia e “perturba” o conjunto de reflexões produzidas por Rodrigo Castelo. A pergunta decisiva é a seguinte: pode haver ruptura com o capitalismo dependente sem transição socialista? O autor não vacila e reitera a resposta ao longo dos dez capítulos: Não! Vai além... Não se limita a dar soluções breves e simples para um problema complexo. Rodrigo Castelo elabora uma análise rigorosa e acurada das produções ideológicas e de seus formuladores que foram responsáveis por silenciar, deturpar, rechaçar e desarmar as batalhas teóricas e políticas travadas por intelectuais, militantes e ativistas socialistas ao longo das últimas décadas no Brasil e na América Latina. Em suma, é possível dizer que, por vias diretas e indiretas, o livro trata do difícil encontro da teoria marxista com o movimento operário e popular, relação tantas vezes inviabilizada pelas ideologias da justificação da ordem capitalista quanto pelos órgãos de repressão do Estado burguês que, respectivamente, interpelam e reprimem as lutas dos subalternos. A coletânea contém artigos produzidos pelo autor entre 2009 e 2021 e está estruturada em duas partes principais. Na primeira parte: “Da tragédia desenvolvimentista à farsa neodesenvolvimentista”, Castelo empreende uma crítica às produções ideológicas e a seus aparatos que foram decisivas para ocultar, desfigurar ou defenestrar o pensamento marxista e revolucionário da história do pensamento econômico e social latino-americano. O autor realiza um trabalho meticuloso de reconstrução dessa história das ideologias e demonstra os limites - ou o que prefere chamar de “decadência ideológica” - do estruturalismo cepalino, do nacional-desenvolvimentismo e do neodesenvolvimentismo, que com suas diferenças aqui e ali foram ideologias materializadas e organizadas por uma série de aparelhos e partidos, entre os quais ganham destaque na análise: a Cepal, o Cebrap, os economistas da Escola de Campinas, os partidos comunistas, o MDB nos anos 1970 e o PT. Danilo Martuscelli - UFU
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Sumário
Apresentação da coleção
Prefácio | Danilo Enrico Martuscelli
Apresentação
Parte I - Da tragédia desenvolvimentista à farsa neodesenvolvimentista
1. Críticas, superações e sínteses: uma história das ideologias latino-americanas na perspectiva da teoria marxista da dependência
2. Presença de Florestan: subdesenvolvimento, capitalismo dependente e revolução no pensamento econômico brasileiro
3. O mesão, a escola e o partido: em busca das origens da estratégia democrático-popular
4. O novo-desenvolvimentismo e a decadência ideológica do estruturalismo latino-americano
5. O novo-desenvolvimentismo e a decadência ideológica do pensamento econômico brasileiro
6. O início do fim? Notas sobre a teoria marxista da dependência no Brasil contemporâneo
Parte II - Supremacia rentista e crise orgânica no Brasil neoliberal
7. O canto da sereia: social-liberalismo, novo-desenvolvimentismo e supremacia burguesa no capitalismo dependente brasileiro
8. Crise conjuntural e (re)militarização da "questão social" brasileira
9. Supremacia rentista no Brasil neoliberal e a violência como potência econômica
10. Brasil em chamas: crise orgânica, supremacia rentista e abalos no bloco histórico neoliberal
Epílogo
Sobre o autor
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Rodrigo Castelo é professor da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e membro do Grupo de trabalho sobre teoria marxista da dependência da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP). Desde 2021 integra a equipe do comitê editorial da revista Germinal: marxismo e educação em debate. É autor do livro O social-liberalismo (Expressão Popular, 2013) e organizador dos livros Trabalho, autogestão e desenvolvimento: escritos escolhidos de José Ricardo Tauile (1981-2005) (Editora da UFRJ, 2009), junto com Marcelo Paixão, e Encruzilhadas da América Latina no século XXI (Pão e Rosas, 2010).
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Ano de lançamento: 2022
Tamanho: 16x23cm
355 páginas
ISBN: 978-65-86620-98-6