A extensão da jornada, assim como as condições de trabalho e a necessidade de realizar uma série de outras atividades para gerar renda, tem impacto decisivo sobre as relações pessoais e dentro das famílias, de maneira diferente para homens e mulheres, brancos e não brancos. A masculinização das cozinhas profissionais, um processo histórico que a autora investiga, desemboca em obstáculos e dificuldades adicionais para as mulheres neste segmento profissional, sobretudo as mulheres negras, que se deparam com o machismo e o racismo combinados.
A análise não se restringe apenas aos trabalhadores em restaurantes, considera também quem trabalha por conta própria, seja fazendo e vendendo marmitas, seja via aplicativos de entrega de comida pronta. Além da atividade culinária e todas as habilidades que ela demanda, o trabalho por conta própria implica uma pesada carga adicional de responsabilidade e tarefas de gestão.
Ao apresentar diferentes trajetórias pessoais e profissionais de homens e mulheres no atual contexto de flexibilização das relações de trabalho e contínua erosão dos direitos trabalhistas, a autora desenha o retrato de um ramo profissional que vem experimentando grande visibilidade, embora suas principais reivindicações e problemas permaneçam ocultos aos olhos do grande público. Este livro procura contribuir para o debate sociológico contemporâneo que se dedica a compreender as transformações no mundo do trabalho.
____
Sumário
Prefácio
Apresentação
Metodologia de pesquisa
O desafio do recorte
Trabalho de campo
Capítulo 1 - De onde vêm os/as cozinheiros/as?
Capítulo 2 – O trabalho dos/as cozinheiros/asCapítulo 3 – Formação e Qualificação Profissional
Capítulo 4 - Cozinha é lugar de mulher?Capítulo 5 – Ser mulher, trabalhar e ter família
Capítulo 6 – Para além das brigadas: o trabalho por conta própria
Considerações Finais
____
Bianca Briguglio é doutora em Ciências Sociais pela Unicamp (2020), mestre em Ciências Sociais na Educação também pela Unicamp (2013) e graduada em Ciências Sociais pela USP (2007). Realizou estágio doutoral junto ao grupo Genre, Travail, Mobilités (GTM) do Centre de Recherches Sociologiques et Politiques de Paris (CRESPPA), que é vinculado ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Pesquisa os temas da Sociologia do Trabalho, Divisão Sexual do Trabalho, Relações de Gênero e Formação Profissional.. Publicou artigos, ensaios e resenhas sobre trabalho e relações de gênero em livros e revistas científicas. É co-organizadora dos dossiês “Trabalhos essenciais: definições, disputas e experiências no contexto da Pandemia” (2022) e “Aventura Coletiva: a influência de Danièle Kergoat e Helena Hirata nos estudos do trabalho e na luta feminista no Brasil” (2021). Atualmente integra o Labor Movens - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Condições de Trabalho no Turismo.
____
Ano de lançamento: 2022
Tamanho: 16x23 cm
286 páginas
ISBN: 978-65-86620-91-7