A Educação da Miséria: particularidade capitalista e educação superior no Brasil

Lalo Watanabe Minto

Preço normal R$ 40,00

A universidade e, de modo geral, a educação superior podem ter papéis decisivos na indução de transformações sociais num país estruturalmente subordinado aos Estados capitalistas centrais? Esta pergunta crucial se mantém viva há décadas no Brasil.
Neste estudo buscamos respostas para essa complexa questão. Trata-se, aqui, de apreender como a educação superior se desenvolveu nas condições particulares do desenvolvimento capitalista brasileiro. As possibilidades e os limites dessa educação não são observados a partir de concepções prontas, descoladas da realidade histórica, mas dos fundamentos das relações entre educação superior e capitalismo.
A análise abrange o longo período que se abriu com o golpe de 1964, a partir do qual se “modernizou” de forma conservadora o ensino superior no país, até as reformas das décadas de 1990 e 2000, quando aquele ensino foi reconfigurado de muitas maneiras. O sentido dessas mudanças, suas principais tendências, as forças sociais que lutaram em sua defesa ou contra elas, são elementos importantes do quadro que se tenta, aqui, desvendar.
A tese central defendida nesse estudo é a de que, nas condições particulares do capitalismo brasileiro, formas autônomas de educação superior não se tornaram indispensáveis aos interesses de classe que aqui foram dominantes. Essa condição estrutural aprisionou a educação superior numa espécie de padrão conservador de desenvolvimento, caracterizando-a, entre outras, por sua pouca abrangência e suas funções distintas de outras experiências históricas.
Face à miséria capitalista brasileira conformou-se uma educação da miséria que impõe às instituições educacionais um tipo de existência que neutraliza suas forças criativas, críticas e potencialmente indutoras de transformações sociais; forças essas que permanecem aprisionadas ao antigo “padrão” de escola superior, como certa vez definiu Florestan Fernandes.