
A última década foi mais do que desafiadora às IFE instituições federais de ensino superior (IFES) – elas se aproximaram da beira do abismo. Além da pandemia, viveram cortes brutais de gastos e perseguição política de dirigentes e membros de suas comunidades. E uma campanha distópica contra sua própria existência. Na década anterior, um forte programa de expansão a partir de 2006 levou-as a mais que dobrar as matrículas, além de ampliar todas suas atividades que passaram a cobrir mais de 44 milhões de pessoas
Lugar de ensino, pesquisa, extensão e assistência em saúde, as universidades mostraram sua capacidade de buscar soluções ao país diante de grandes desafios, tal como o da Covid-19, a maior crise sanitária do nosso século. Entretanto, sua situação orçamentária não acompanhou sequer as suas necessidades básicas. Sofreram quedas de 50% no custeio de 2019 a 2022 e de mais de 90% nos recursos de capital de 2016 a 2022. Seus servidores tiveram perda salarial refletida nas folhas de pagamento. A possibilidade de mobilizações e de negociações com o atual governo Lula são incomparáveis aos dos de Temer e Bolsonaro. A greve de 2024 e as negociações a partir dela possibilitaram alcançar novos reajustes que, apesar de não ideais, mostram um caminho. O livro de Alberto Handfas debate os recentes acontecimentos e o papel de nossas IFES. Fala sobre a importância de uma mobilização permanente, pois ainda não se inventou maneira mais efetiva de conquistar espaços e de fazer a defesa da universidade pública e gratuita. É um registro histórico e de reflexão política fundamental para a organização do futuro que auxilie a continuar o trabalho nas universidades e instituições federais de resistir e existir – para que possam realizar tudo que são capazes. - SORAYA SMAILI
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Sumário
Prólogo | Celi Nelza Zulke Taffarel
Apresentação | Soraya S. Smaili
Prefácio
Introdução
PARTE I - A Expansão do Ensino Superior Federal: evolução e desafios recentes
1. A Expansão acelerada: a multiplicação das vagas no Lula-Dilma
2. A Expansão contraditada: as conquistas e suas limitações
3. A Expansão desacelerada: fiscalismo e privatismo?
4. A Expansão interrompida: Golpe de 2016 e bolsonarismo
5. A “força do povo”: Lula nas eleições de 2022
6. NAF ou ruptura democrática com “a força do povo”?
7. Muda-se o teto, mantém-se o calabouço
8. O NAF: suas regras e impactos à educação federal
9. Expansão com cortes permanentes de verbas?
PARTE II - Universidade e nação: imperialismo, Estado burguês e a luta do povo brasileiro por soberania e direitos sociais
10. Universidade, educação e luta democrático-nacional
11. Imperialismo e “tarefas democráticas” no Brasil
12. O Brasil desigual, combinado e incompleto
13. Ensino superior brasileiro: da colonização à formação da nação
14. Universidade e evolução da sociedade burguesa no Brasil
15. Educação, instituições podres e antidemocráticas
16. Ruptura democrática e constituinte soberana
17. Universidade brasileira necessita ser pública, estatal e gratuita
PARTE III - Expansão Universitária e a não reforma da contrarreforma: “capital humano”, produtivismo, privatismo e mercado-empreendedorismo
18. Reforma expansionista, ou massificação de contrarreformas?
19. As (contra) reformas universitárias: “austeridade” e “capital
humano”
20. Teoria econômica burguesa e políticas públicas
21. Marx e a vulgaridade apologética do “capital humano”
22. Universidade “empreendedora” e voltada ao lucro
23. O ataque ao “universal” e a demagogia do “focal”
24. A universidade pública sob o tucanato21
25. A “Universidade Operacional” e a oportunidade perdida
PARTE IV - Desvio de fundos públicos ao lucro privado: massificação e financeirização do ensino superior particular às custas da Expansão Federal
26. Os ciclos de expansão da rede privada de ensino superior
27. Expansão das privadas na ditadura militar
28. Expansão das privadas no período FHC
29. Expansão das privadas no período Lula-Dilma
30. Fies turbinado e Prouni: da massificação à financeirização
31. A inconsequência do financiamento público a IES privadas
32. Público versus privado: quantidade e qualidade
33. A economia política dos ciclos da indústria das particulares
PARTE V - A categoria docente federal: Salário, carreira e condições de trabalho dos Magistérios Superior e do EBTT
34. Crescimento da categoria docente e suas contradições
35. A direção sindical e a Expansão Federal
36. Acertos, erros e evolução da direção sindical
37. Crises pós-Golpe e recomposições no sindicato nacional
38. Aspectos contraditórios dos acordos salariais
39. A Estrutura da Carreira Docente: distorções salariais
injustas e fiscalistas
40. O último acordo antes do Golpe
41. Elementos a um balanço: evolução remuneratória e Expansão
PARTE VI - Disputa do orçamento público: o movimento docente e a greve da educação federal de 2024
42. A categoria docente e a comunidade acadêmica no pós-
Bolsonaro
43. NAF trava governo na Mesa: oito meses sem negociar
44. Paciência tem limite: 2024 começa com disposição de greve
na base
45. A força da greve: ampla adesão e suas dificuldades
46. Saldo político-organizativo, maturidade e combatividade
47. Conquistas econômicas parciais, mas relevantes
48. Deflagração da greve leva às primeiras concessões do governo
49. Ápice da greve: a batalha pela manutenção da negociação
50. O “tiro no pé”
51. Acordo de Greve: ganhos adicionais
52. A Greve no contexto da disputa do orçamento público
Referências Bibliográficas
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Ano de lançamento: 2025
356 páginas
Tamanho: 16x23 cm
ISBN: 978-65-85404-95-2