
“A Base é a base”, depois transformado em “educação é a base”, constituíram os principais slogans do governo federal brasileiro durante a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Eles foram estratégica e amplamente disseminados pela mídia e por aparelhos privados de hegemonia empresariais com intuito de legitimar socialmente a BNCC como fundamento da política educacional; e criar um aparente consenso, supostamente compartilhado por toda “base” educacional (professores, estudantes, pesquisadores, movimentos sociais, empresários, sindicatos, associações, dentre outros) sobre a necessidade de uma BNCC e seus fundamentos estruturantes. Este livro busca justamente revelar as diversas disputas sociais e educacionais que permearam esse processo e que ficaram encobertas por certas facetas do consenso. Ancorada no referencial marxista, em especial nas contribuições de Antonio Gramsci e Florestan Fernandes, trata-se de uma extensa e rigorosa pesquisa qualitativa, com coleta e análise de centenas de documentos, entrevistas e literatura sobre o tema. Três agrupamentos sociais estiveram no cerne desse processo: 1) aparelhos privados de hegemonia empresariais, 2) entidades e sindicatos do campo educacional popular, 3) ultradireita reacionária. Além de sua identificação e caracterização, o livro apresenta as principais propostas e estratégias de atuação de cada um deles, mostrando “como” foi construída a trama que resultou na BNCC da educação infantil e do ensino fundamental, com alternância e simultaneidade de diferentes mecanismos de consenso e coerção. A análise da elaboração da BNCC mostra-se fundamental para a compreensão das tramas e disputas na política educacional contemporânea.
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Sumário
Apresentação | Rubens Barbosa de Camargo
Prefácio - Como os setores dominantes lograram a direção intelectual e moral das bases curriculares do país | Roberto Leher
Introdução
I. Notas sobre o problema de pesquisa
II. Apontamentos sobre o trabalho de investigação empírica
Capítulo 1. - Lutas sociais e educação no Brasil contemporâneo
1.1. Privatização da educação, articulações empresariais e reformas curriculares
1.2. Particularidades da formação social brasileira, redemocratização e lutas sociais no campo educacional
1.3. Recrudescimento da autocracia burguesa e mudanças na correlação de forças
Capítulo 2. - Os processos de elaboração: da Base Comum Nacional à Base Nacional Comum Curricular
2.1. Antecedentes políticos e normativos relacionados aos currículos brasileiros
2.2. Trajetória de construção: da primeira versão à homologação da BNCC
Capítulo 3. - Disputas sociais e educacionais na elaboração da Base Nacional Comum Curricular
3.1. Aparelhos privados de hegemonia empresariais
3.2. Entidades e sindicatos do campo educacional popular
3.3. Ultradireita Reacionária
Capítulo 4. - Fundamentos político-pedagógicos e a estrutura da Base Nacional Comum Curricular
4.1. Articulações empresariais e as competências para o século 21
4.2. Equipes de elaboração da BNCC: disputas e contradições
4.3. Uma concepção político-pedagógica consensual?
Capítulo 5. - Formas de participação social na construção da Base Nacional Comum Curricular
5.1. Primeira versão da BNCC
5.2. Segunda versão da BNCC
5.3. Terceira versão da BNCC
5.4. Breves notas sobre a implementação: Base ou Currículo?
Considerações Finais
Referências
Apêndice
Sobre a autora
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Ano de lançamento: 2025
457 páginas
Tamanho: 16x23 cm
ISBN: 9786552790071