A pandemia do novo coronavírus se apresenta ao mundo como “a crise”, mas que escamoteia um verdadeiro vírus que é a essência de uma crise mais duradoura, sistêmica, crônica e destrutiva ao ser humano e à natureza: o próprio sistema-mundo do capital. Em seus “Alguns escritos na quarentena da SARS-COV-2”, Iael de Souza consegue provocar de forma bastante lúcida uma necessária reflexão sobre os incômodos e dilemas experimentados pela sociedade, pela classe trabalhadora, docentes, demais sujeitos e o planeta, nessa parada forçada e histórica em nível global. Logo, o referido livro traz como principal proposta instigar-nos a uma compreensão mais subversiva do momento histórico a que enfrentamos e que se apresenta como crucial para a humanidade. A autora, portanto, a partir de sua impressionante capacidade de dar corpo e materialidade às suas ideias, contribui de forma profícua para o debate, o engajamento e a práxis de uma esquerda terminantemente comprometida na luta por transformações sociais, tão necessárias à nossa geração, seja no enfrentamento ao vírus biológico, seja no enfrentamento ao vírus do capital, com (des)qualidades fascistas em sua mais atual manifestação. FRANCISCO EDUARDO DE OLIVEIRA CUNHA | UFPILUTAS