Se um setor, provavelmente minoritário, persiste em manter ativa e atuante a investigação e a escrita sobre a história das lutas dos trabalhadores e das revoluções onde elas desempenharam um papel central, isso há de significar um sinal positivo de resiliência intelectual e política indispensável à superação das dificuldades do presente e à redefinição que estas impõem sobre os caminhos futuros de luta emancipatória.
O presente livro de Miguel Pérez, fruto de uma investigação rigorosa das lutas operárias num conjunto de empresas industriais da Grande Lisboa e da Margem Sul durante a Revolução Portuguesa de 1974-75, inscreve-se nesse esforço e merece, pelos méritos da pesquisa realizada e da reflexão levada a cabo, a atenção do público leitor.
O estudo procede a uma análise crítica dos resultados de investigações anteriores, a que se juntam as que o autor realizou, designadamente recorrendo a fontes orais de ativistas e participantes nas lutas de então, mas de acordo com uma perspectiva particular: a da força da revolução em curso que se queria fazer avançar e que tudo condicionava. Nesse sentido, o autor percorre as problemáticas da evolução, nas diferentes fases do processo revolucionário, das formas de luta, dos recursos organizativos que o movimento vai criando (Comissões de Trabalhadores e sindicatos) e das contradições entre eles, da resistência à sabotagem económica, do desemprego, da luta pela hegemonia entre as diversas tendências da esquerda radical e entre estas e o PCP, das complexas e conturbadas relações dos governos provisórios e do MFA com o movimento operário, da radicalização terminal do “Verão quente” até ao desfecho de novembro de 1975. (Do prefácio de Fernando Rosas)
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Sumário
Prefácio: Três questões sobre a Revolução Portuguesa de 1974-1975
Nota prévia
Agradecimentos
Introdução
Capítulo I: O operariado nas vésperas do 25 de Abril
O crescimento económico da década de 60
O movimento operário antes do 25 de Abril
Capítulo II: O 25 de Abril e as greves de Maio e Junho de 1974
Para uma perspectiva cronológica do movimento
Um movimento de massas: reivindicações e formas de luta
As greves e a política: o papel das vanguardas revolucionárias
Capítulo III: Viva a luta da classe operária!
Os conflitos no mundo do trabalho depois do 25 de Abril
Siderurgia Nacional (Seixal)
Estaleiros navais
Lisnave (Almada e Lisboa)
Setenave (Setúbal)
Mague, MEC (Alverca)
Cometna, Sorefame (Amadora)
Companhia União Fabril (Barreiro)
Messa (Mem Martins, Sintra)
Timex (Charneca da Caparica, Almada)
ITT (Semicondutores) e Standard Eléctrica (Cascais),
Applied Magnetics e DSEP (Sacavém)
Cambournac (Cacém, Sintra)
Cergal (Belas, Sintra)
Efacec-Inel (Lisboa)
Socel (Setúbal)
Charminha (Pontinha, Loures)
Sogantal (Montijo)
Capítulo IV: Democracia aos operários, repressão
aos reaccionários! O movimento operário de Setembro
de 1974 a 7 de Fevereiro de 1975
CTT
Jornal do Comércio (Lisboa)
TAP
Lisnave
A onda de despedimentos
O aparecimento da Interempresas e a manifestação contra a NATO de 7 de Fevereiro de 1975
Capítulo V: As CT na luta pela revolução socialista
Capítulo VI: Igualdade e fraternidade: a autogestão no processo revolucionário
Capítulo VII: As comissões, alicerces de um novo poder?
Conclusão: A Revolução Portuguesa e o movimento operário
Anexos
Bibliografia e fontes
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Miguel Ángel Pérez Suárez (Avilés, Espanha, 1975) é mestre pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador do Instituto de História Contemporânea da mesma universidade. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e desenvolve, na FCSH, o seu doutoramento sobre o movimento operário português na década de 1970. É autor de diversos artigos em revistas especializadas e livros colectivos, bem como de entradas no Dicionário da História de Portugal – O 25 de Abril, coordenado por António Reis, Maria Inácia Rezola e Paula Borges Santos.
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Ano de lançamento: 2023
Tamanho: 16x23 cm
221 páginas
Idioma: Português (Portugal)
ISBN: 978-85-53104-99-4