Leonardo Sartoretto faz neste livro uma análise fina de como veio a se concretizar o capitalismo no Brasil. Expõe como a revolução burguesa tomou o seu rumo numa análise da totalidade concreta e da práxis histórica das classes. Defende a tese de que a particularidade da revolução burguesa se define por uma industrialização hiper tardia e pela configuração de uma autocracia de classe.
Essa construção histórica encontrou os seus intelectuais orgânicos decisivos. A ideia de que as classes dominantes deveriam serem educadas por seus intelectuais esteve presente em alguns de seus representantes mais evidentes, como Alberto Torres, Oliveira Vianna e Azevedo Amaral, cujo pensamento é analisado com muito cuidado por Sartoretto. De fato, o pensamento autoritário, ou o que o autor denomina como razão autocrática, foi a vertente ideológica vitoriosa e que construiu e legitimou a autocracia burguesa em facetas diferentes, de acordo com a passagem do tempo.
Se esses autores emblemáticos configuraram a ideologia da autocracia burguesa e mesmo forma atores importantes no processo, a figura de Getúlio Vargas foi a que mostrou a capacidade de conduzir o processo e mesmo de mostrar à burguesia que o caminho mais adequado para a sua realização enquanto classe seria o da autocracia. A autocracia encontrou no corporativismo a sua forma mais adequada, ainda que tenha tido de fazer concessões ao liberalismo da burguesia e das classes dominantes agrárias.
O livro de Sartoretto, de maneira bastante impressionante, faz uma analise profunda e inovadora do decisivo período 1930-1945 da história brasileira. Um texto a suscitar polêmica como um trabalho de pesquisa que não é só acadêmico, mas que intenta também intervir no debate político ideológico corrente. Trata-se, enfim, de uma leitura enriquecedora e que provocará a reflexão em quem entrar nessas páginas. MARCOS DEL ROIO - UNESP
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Sumário:
Prefácio | Uma crítica fundamental para entender a razão autocrática no Brasil - Angélica Lovatto
Introdução
Parte I - Divisão do Trabalho Intelectual e Divisão Intelectual do Trabalho
Capítulo I | A razão autocrática como corpo teórico
1.1 – Gênese e indicativos metodológicos em Alberto Torres
1.2 – A fina aplicabilidade de Oliveira Vianna
1.3 – Azevedo Amaral e o prognóstico sugestivo
Capítulo II | Crítica ao necessário falseamento da realidade
2.1 – Uma filosofia para a organização progressiva capitalista
2.2 – Explicação redutiva e aparência petrificada
2.3 – A prisão no mundo da dominação de classe: a política como arte
2.4 – Tarefas de classe para uma práxis autocrática
Parte II - A Forma de Desenvolvimento Autocrático-Progressiva como Criação da Totalidade
Capítulo III | Do livre movimento do concreto
3.1 – A dinâmica contraditória do grande capital cafeeiro
3.2 – Getúlio Dornelles Vargas: a expressão política condensadora
3.3 – A vitória da Aliança Liberal: a resolução do conflito pela luta
Capítulo IV | Condicionantes da luta de classes generalizada
4.1 – O significado político e os desdobramentos da insurreição paulista de 1932
4.2 – A enformação de um aliado fundamental: as forças armadas
4.3 – A verdadeira ameaça: o projeto nacional-popular da Aliança Nacional Libertadora
Capítulo V | Mediações necessárias da industrialização hiper-tardia
5.1 – O caráter ditatorial como forma reflexa de Estado
5.2 – As determinações da forma sindical-corporativista de organização das classes sociais
5.3 – O novo sociometabolismo capitalista
Capítulo VI | As particularidades do projeto político
6.1 – A burguesia industrial sobe ao palco
6.2 – O sentido do Nacionalismo
Considerações finais
Referências
Bibliografia consultada
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Ano de lançamento: 2023
498 páginas
Tamanho: 16x23 cm
ISBN: 978-65-85404-03-7