O controle operário que emergiu com a segunda revolução industrial é uma forma de luta que visa estabelecer um poder operário recorrente, a começar pelas empresas. Em sua forma seminal, que aflorou na Revolução Russa de 1917, o seu objetivo era o estabelecimento de mecanismos permanentes de supervisão e regulação operária sobre a ação das empresas ou outras organizações. No entanto, durante a Revolução, em consonância com a dinâmica da situação histórica, a forma seminal foi transcendida e o controle apareceu também como posse e gestão das empresas pelos trabalhadores. Além disso, o CO, com os soviets, expressou-se também como controle político-territorial.
Depois da segunda guerra, dada a prevalência do sindicalismo econômico, a suntuosidade da nação burguesa de referência (EUA), e a inimaginável ação repressiva das organizações e movimentos dos trabalhadores empreendida pelo imperialismo em colusão com as burguesias nacionais – o método Jacarta-, essa forma de luta não-reformista sofreu uma espécie de eclipse, mas tampouco desapareceu. Ela se apresentou recentemente com considerável ímpeto na revolução bolivariana, e segue constando da pauta dos partidos revolucionários desse país. Na Argentina, o CO, sob a fórmula estatización bajo control obrero, também conta com certa presença no movimento operário.
No Brasil, a ideia de controle aparece como uma variante um tanto elíptica – luta pela gestão democrática- na ação educacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que busca obter certo controle sobre a produção pedagógica nas escolas do campo. E na eleição deste ano de 2022, o Partido Comunista Brasileiro, em uma cláusula de seu hipotético programa de governo para o país, defendeu a completa reestatização de uma grande empresa brasileira, mas sob o controle dos trabalhadores.
A existência dessas manifestações podem ser um indício de que nesta quadra histórica, em que o modo capitalista de produção parece ter adentrado em sua crise estrutural, a luta pelo controle operário poderá vir a ter um papel renovado no movimento operário e popular.
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Sumário
Introdução
1 Uma Aproximação Conceptual ao Controle Operário
2 O Período Manufatureiro: O Trabalhadores Coletivo Alienado (Séculos XVI-XVIII)
2.1 A organização da produção na manufatura
2.2 O controle operário na manufatura
2.3 A práxis do trabalho na manufatura: “Um daqueles gonzos sobre os quais gira a história”
3 A Revolução Industrial: Da Ferramenta Manual à Máquina-Ferramenta
3.1 A organização do trabalho na Revolução Industrial
3.2 Artífices e trabalhadores não qualificados
3.2.2 Os artífices industriais
3.3 O controle operário na Revolução Industrial
3.3.1 O controle imanente ao processo de trabalho
3.3.2 O controle da reprodução profissional
3.3.3 Os sindicatos e a luta pela preservação do ofício
4 Ações de Autoatividades Laboral, Educacional, Política e de Elaboração Teórica
4.1 A organização sindical
4.2 A educação da classe trabalhadora
4.3 As cooperativas dos trabalhadores
4.4 “A forma política afinal descoberta”: a Comuna de Paris de 1871
4.5 O marxismo
5 Consumação da Revolução Industrial e da Alienação do Trabalho no Século XX
5.1 A revolução laboral
5.2 O controle patronal expandido
5.3 A constituição da escola capitalista e o controle
5.4 O taylorismo ou a gerência científica
6 A Práxis do Trabalho: Sindicatos Industriais, Comissões de Fábrica, Soviets e o Controle
7 A Revolução Russa e o Novo Tipo de Controle Operário
8 Manifestações de Controle Operário Pós Revolução de 1917
Conclusão
Referências
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Ano de lançamento: 2022
Tamanho: 15x21cm
Número de páginas: 267
ISBN: 978-85-53104-70-3