Em O Gênero do Trabalho Operário Thaís Lapa retoma, de maneira criativa e sólida, o melhor da contribuição que os estudos feministas sobre o processo de trabalho plantaram no inicio dos anos 1980, com as análises de Elizabeth de Souza Lobo, construídas em intenso diálogo, entre outros, com os escritos de Danièle Kergoat e Helena Hirata. Em 1978, Kergoat apontara certeira que o lugar de classe estava longe de produzir comportamentos e atitudes unívocos. Beth Lobo, explorando essa avenida, mostrou à sociologia brasileira os caminhos alternativos ao discurso da homogeneização de classe: afirmou o valor da abordagem concreta das situações de trabalho, a importância de elucidar a dinâmica das relações sociais na produção, sempre guiada por um olhar que valorizava o elo (indissociável) entre trabalho produtivo e reprodutivo. Isso lhe permitiu vislumbrar, pelo ângulo da experiência subjetiva da dominação, as práticas e destinos de operárias e operários. Num momento em que as vicissitudes das crises e das experiências de desemprego duradouro e expulsão do mercado de trabalho tomaram de assalto nossas análises, Thaís Lapa atualiza, em O Gênero do Trabalho Operário, toda a virtualidade desse estilo de análise. Este livro nos capacita a pensar como as experiências e representações das trabalhadoras são um prisma fértil para se entender a natureza das relações de trabalho em segmentos que marcaram a dinâmica da sociedade brasileira. - Nadya Araujo Guimarães (USP) e Jacob Carlos Lima (UFSCAR)
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SUMÁRIO
PREFÁCIO, por Marcia de Paula Leite
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Por que estudar o trabalho industrial hoje?
1. OS CONTORNOS DO TRABALHO INDUSTRIAL METALÚRGICO
A indústria metalúrgica brasileira
O segmento automotivo: constituição e conformação atual
Políticas industriais recentes
A indústria automotiva no ABC Paulista
O segmento eletroeletrônico: constituição e conformação atual
Políticas industriais recentes
A indústria eletroeletrônica no interior de São Paulo
Sobre as empresas que são objeto deste estudo
Os operários e operárias de indústrias eletroeletrônicas e automotivas
2. O GÊNERO DO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO E A EXPERIÊNCIA DA SEGREGAÇÃO E DA MIXIDADE
A divisão sexual do trabalho e o “gênero do trabalho”
Relações de gênero e divisão sexual do trabalho metalúrgico na sociologia do trabalho brasileira
As segregações setorial e ocupacional e a desigualdade salarial por sexo
Segregação por sexo nos segmentos automotivo e eletroeletrônico
Desigualdade salarial por sexo nos segmentos
A construção social da segregação ocupacional entre os sexos ê
Muito além dos salários: como o feminino e o masculino na indústria (re)produzem relações de gênero desiguais ê
Construção de ambientes laborais mistos: uma recuperação do debate
O processo de feminização do segmento automotivo do ABC
3. CONDIÇÕES DE TRABALHO
O que entendemos por condições de trabalho
Condições de trabalho das/os operárias/os
Condições de trabalho no Brasil
Condições de trabalho na indústria eletroeletrônica e automotiva
Organização da produção e do trabalho e formas de gestão
Os processos de trabalho: alguns exemplos
O ambiente laboral e os postos de trabalho
Não é força, é jeito... ou é força?
O ritmo do trabalho
Uma coisa é no papel: os desvios do trabalho prescrito
Sobre ir ao banheiro e “interromper fluxos”
Adoecimentos relacionados ao trabalho
4. EXPERIÊNCIA OPERÁRIA, EXPERIÊNCIA DAS OPERÁRIAS
A interiorização da dominação-exploração
As práticas sociais e o sujeito sexuado
Como são suportadas as condições de trabalho?
O encontro entre a psicodinâmica do trabalho e a sociologia das relações sociais de sexo
Estratégias de defesa dos trabalhadores = às das trabalhadoras?
O emprego é bom, mas o trabalho...
Práticas sociais nas indústrias automotiva e eletroeletrônica
O absenteísmo e a sociabilidade das operárias
Particularidades da luta operária “no feminino”?
Manifestando-se contra os assédios e a humilhação patronal
Os coletivos em defesa das pautas de gênero
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
APÊNDICE 1 – NOTA REFLEXIVA
APÊNDICE 2 – NOTA METODOLÓGICA SOBRE O PROCESSO DE PESQUISA
APÊNDICE 3 – PERFIL DE ENTREVISTADAS/OS
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Ano de lançamento: 2020 (1a edição) | 2023 (2a edição)
Tamanho: 16x23cm
545 páginas
ISBN: 978-65-85404-32-7 (2a edição)