Vivemos hoje depois do futuro, para usar a expressão de Bifo Berardi. O futuro não é para nós o que era no século passado, uma fonte de esperança ou uma promessa de expansão e crescimento. O futuro nos é hoje amedrontador ao invés de promissor. Nesse quadro, o longo cancelamento do futuro se expressa na consolidação do realismo capitalista, nessa estrutura de sentimento que consiste em tornar inquestionável o fato de que não há horizonte para além da mercadoria. A adesão ao capitalismo pode ser brutal, como nas formas de consciência estudadas por Fernando Gastal de Castro, mas também pode ser mais sutil, como nessa adesão ao existente que se opera de maneira pacífica, como quem marcha à própria morte, tal qual aquela cena clássica de O sétimo selo, de Bergman. Somos todos mais ou menos como aquele cavaleiro que, diante da inevitabilidade da chegada da Morte, empurra o inevitável um pouco mais para frente propondo uma partida de xadrez com ela, certo da sua derrota próxima, mas alegre de ter adiado só mais um pouco o inevitável. - LEOMIR HILÁRIO (UFS)
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Sumário
PREFÁCIO | As aventuras da teoria crítica periférica: notas prefaciais a “Capitalismo, periferia e subjetividade em ruínas” de Fernando Gastal de Castro
Leomir Cardoso Hilário
INTRODUÇÃO | O ser e a consciência
CAPÍTULO 1 | Proto-história do capitalismo brasileiro e subjetividade: estrutura colonial e gênese da consciência burguesa nacional
CAPÍTULO 2| Dialética radical do protocapitalismo brasileiro: contradições entre quilombismo, sistema escravista e modernização periférica
CAPÍTULO 3 | A modernização brasileira: lógica do fordismo periférico e formas de consciência
CAPÍTULO 4 | Modernização periférica e branquitude
CAPÍTULO 5 | Colapso da modernização periférica e o fim da ilustração cínica
CAPÍTULO 6 | O fim do futuro e a era de expectativas descendentes
REFERÊNCIAS
SOBRE O AUTOR
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Ano de lançamento: 2024
196 páginas
Tamanho: 14,8x21 cm
ISBN: 978-65-85404-35-8